Pular para o conteúdo principal

CARACTERÍSTICAS DA POESIA


     No texto poético, um «eu» - o sujeito poético - revela os seus sentimentos, as suas emoções e a sua visão do mundo. É, por isso, um texto muito pessoal e subjectivo, em que as palavras da língua formam combinações surpreendentes, quer ao nível dos sons e dos ritmos («Um vento nevoento / Vem de ver o mar» - Fernando Pessoa), quer ao nível dos significados («Meus dias de rapaz, de adolescente,  / Abrem a boca a bocejar sombrios» - António Nobre).
     O texto poético é rico em figuras de estilo que, por vezes, dificultam a sua compreensão. O verso é a forma privilegiada da poesia, mas alguns textos em prosa têm características do texto poético.


A poesia tem dois elementos em que ela se resume e que podem classifica-la


FORMA

CONTEÚDO


(O que difere da prosa, que constitui-se principalmente em conteúdo disposto em uma forma linear.)

Verso
                 Cada linha de um poema. Pode ou não ter sentido completo.
                 Se transcreveres o s versos de um poema sem mudar de linha, quando o verso termina, deves assinalar
                 o seu fim com o sinal /.


  
Estrofe

                Conjunto de versos separados por um espaço.
                As estrofes têm uma designação diferente, em função do número de versos:
                  
— monóstico (um verso);
                  — parelha ou dístico (dois versos);
                  — terceto (três versos);
                  — quadra (quatro versos);
                  — quintilha (cinco versos);
                  — sextilha (seis versos);
                  — sétimo (sete versos);
                  — oitava (oito versos);
                  — nona (nove versos);
                  — décima (dez versos).

          Quando o poema é constituído por duas quadras seguidas de dois tercetos, chama-se soneto.


       
Rima

               rima é a terminação semelhante em cada verso. Em função do esquema de combinações
               rimáticas, a rima muda de nome:
                  — soltos ou brancos: versos não rimados;
                  — rima emparelhada: os versos rimam dois a dois (aabb);
                  — rima cruzada: os versos rimam alternadamente (abab);    
                  — rima interpolada: os versos rimam separados por dois ou mais versos diferentes
                (abba).                      

       
Métrica


               Os versos podem ser medidos quanto ao número de sílabas métricas, que não são sempre
               iguais às sílabas gramaticais. Quando medes o verso, estás a fazer a sua escansão.
               
Aqui ficam algumas regras:
               a) a contagem das sílabas métricas é feita até à última sílaba tónica do verso;
               b) quando uma palavra termina em vogal e a palavra seguinte começa por vogal,
                    faz-se uma elisão, ou seja, as vogais findem-se numa única sílaba;
               c) os versos têm nomes diferentes em função do número de sílabas:
                   — monóstico (uma sílaba);
                   — dissílabo (duas sílabas);
                   — trissílabo (três sílabas);
                   — tetrassílabo (quatro sílabas);
                   — pentassílabo ou redondilha menor(cinco sílabas);
                   — hexassílabo (seis sílabas);
                   — heptassílabo ou redondilha maior (sete sílabas);
                   — octossílabo (oito sílabas);
                   — eneassílabo (nove sílabas);
                   — decassílabo (dez sílabas);
                   — hendecassílabo (onze sílabas);
                   — dodecassílabo ou verso alexandrino(doze sílabas).

                Exemplo de versos heptassílabos (sete sílabas métricas):
                Ga/to/ que/ brin/cas/ na/ ru/a
                    1   2       3        4     5       6      7
                Co/mo/ se/ fo/sse/ na/ ca/ma
                     1     2     3     4    5       6    7
                In/ve/jo a/ sor/te/ que é/ tu/a
                    1   2     3      4     5          6     7
                Por/que/ nem/ sor/te/ se/ cha/ma
                     1      2        3        4    5     6     7

                                          Fernando Pessoa

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

METÁFORA

Metáfora  é uma figura de linguagem que produz sentidos figurados por meio de comparações implícitas. Ela pode dar um duplo sentido à frase. Com a ausência de uma conjunção comparativa. Também é um recurso expressivo. Amor  é  fogo que arde sem se ver. — Luís de Camões Vi sorrir o amor que tu me deste. — Cesário Verde O termo  fogo  mantém seu sentido próprio - desenvolvimento simultâneo de calor e luz, que é produto da combustão de matérias inflamáveis, como, por exemplo, o carvão - e possui sentidos figurados - fervor, paixão, excitação, sofrimento etc. Didaticamente, pode-se considerá-la uma  comparação  que não usa conectivo (por exemplo, "como"), mas que apresenta de forma literal uma  equivalência  que é apenas figurada. Meu coração  é  um balde despejado. — Fernando Pessoa
Revisitando Existe, pois, a possibilidade, de não nos alcançarmos nesta realidade... Mas o que é a realidade? Um programa mal urdido de um programador, fodido que nos convida ao finito. Seria tão mais bonito realizar o impossível... Te vejo, no mundo invisível da improbabilidade. Vencendo a doença da descrença que qualifica os sonhos, antes de devorá-los sem dó, ou piedade... Mas sou louca! E a loucura é passaporte... (minha única sorte) A saída para a não morte! Aqui e agora! (Só existe o agora) Por isso leio o futuro em nuvens carregadas de choro no escuro longínquo dos desejos... Enxarcada, de amor e chuva coloco em um saco todos os ensejos e, resoluta, vou jogar cartas com Deus. Na esperança de acordar e correr livre na relva verde dos teus olhos gerando infinitos ao se encontrarem no alvorecer dos meus... Revisitando  Existe, por lo tanto, la posibilidad,  de no te alcanzar en esta realidad ...  ¿Pero qué es la realidad?  Un programa mal